P3TRA

Sou uma artista plástica autodidata, cujo trabalho reflecte uma extrema sensibilidade, pela forma como absorvo o mundo e as pessoas. Tenho uma curiosidade incessante, especialmente pelo comportamento humano e a sua psique. Daí a minha preferência pelos retratos.

A arte figurativa foi vincando o meu caminho, conduzindo-me pela rigidez e perfeccionismo do realismo durante anos. Uma tendência que procurei romper a partir da pandemia do covid-19. Desde essa altura, tenho investido na pesquisa e prática da desconstrução da minha técnica, libertando-me, permitindo-me criar uma narrativa autoral mais sensorial.

Os mugshots são a minha eleição nesse caminho, onde fujo das regras do real e coloco na rusticidade das pinceladas, nas cores e tons que escolho, uma criação mais crua, violenta e dramática, para vincar os distúrbios e terrores escondidos por uma simples fotografia.

Entre 2022/2023, completei um curso com a conceituada artista brasileira, Estela Luz, que ajudou ainda mais na desconstrução da ideia do perfeito. “Antes imperfeito feito, que perfeito não feito.”

Em Outubro de 2023, com a obra “Ablepsia”, fiz parte de uma exposição colectiva pela primeira vez, na Casa Museu Silvestre Raposo, em Vila Nova de São Bento, Serpa. Espaço onde vou expondo desde então, em conjunto com outros artistas nacionais.

A escrita caminha a par com as artes visuais. Sou escritora e autora, gosto particularmente de contos de terror. Histórias breves e assustadoras que realcem este meu lado mais obscuro. Em Julho de 2023, foi publicado online, o conto “Predador”, um dos dez mais lidos nesse ano, na Fábrica do Terror, juntamente com a ilustração: “Possessão”.

Em Setembro de 2024, foi lançada a antologia “Os Melhores Contos da Fábrica do Terror Vol. 2”, da qual faz parte o conto “Predador”.

O meu trabalho explora a identidade, o carácter, a emoção. Aquilo que está para além do que os olhos vêem. O sentido, o sentir. A percepção sensorial do real humano. Crio com os cinco sentidos.

Para mim, a arte é vida. Porque enquanto vivemos criamos, e nem damos por isso. Criar é não forçar uma intenção, é ser livre. É viver. E eu vivo criando.

Este texto segue o AO 1945